Por que falar sobre o silêncio?
O silêncio, muitas vezes, é tratado como ausência. Mas será mesmo que calar é apenas “não falar”?
Em momentos de dor, escuta ou arrependimento, o silêncio ganha profundidade. Ele vira gesto, linguagem, cuidado. No anime A Voz do Silêncio (Koe no Katachi) e na filosofia de Edith Stein, somos convidados a redescobrir o sentido do silêncio — aquele que pode curar, acolher e também machucar.

Neste artigo, vamos refletir sobre:
- A importância do silêncio como linguagem;
- Quando o silêncio é presença;
- Quando o silêncio é omissão;
- Como Edith Stein e o anime nos ajudam a discernir;
- Exemplos reais que mostram os dois lados do silêncio.
A Voz do Silêncio: O silêncio como redenção
No anime A Voz do Silêncio, acompanhamos Ishida, um adolescente que praticou bullying contra Nishimiya, uma colega surda. Anos depois, arrependido e isolado, ele tenta reconstruir a ponte quebrada.
Ao longo da trama, percebemos que o silêncio está em tudo:
– No trauma.
– Na dor que não se fala.
– Na escuta sincera.
– No perdão que não exige palavras.
O anime nos mostra que o silêncio pode ser um território de reconciliação, onde há espaço para arrependimento e transformação. Um silêncio que diz: “Estou aqui, mesmo sem saber o que dizer.”
Edith Stein: O silêncio como escuta interior
A filósofa e mística Edith Stein via no silêncio um caminho de empatia e abertura à verdade. Ela afirmava que o silêncio profundo não é fuga, mas um ato de presença plena:
“A alma silenciosa é capaz de acolher o outro.” — Edith Stein
Para Stein, o verdadeiro silêncio escuta antes de julgar, acolhe antes de responder e ora antes de agir. Em um mundo saturado de ruído e impulsividade, a escolha pelo silêncio pode ser um gesto revolucionário.
O silêncio que cura: Quando calar é amar
Nem todo silêncio é vazio. Às vezes, é exatamente ele que comunica o que as palavras não conseguem.
Exemplos de silêncio que cura:
- Um amigo que apenas fica ao seu lado, sem tentar resolver tudo;
- O silêncio durante uma oração pessoal, onde se sente a presença de Deus;
- O silêncio de quem escuta de verdade, com atenção e empatia.
Esse é o silêncio que acolhe. Que respeita o tempo do outro. Que comunica paz, segurança, amor.

No anime, Nishimiya representa esse tipo de silêncio. Mesmo sem ouvir com os ouvidos, ela escuta com o coração.
O silêncio que machuca: Quando calar é se omitir
Por outro lado, o silêncio também pode ser ferida. Quando usado como muro, como fuga ou como indiferença, ele deixa cicatrizes.
Exemplos de silêncio que fere:
- O silêncio de quem finge não ver uma injustiça;
- O silêncio cúmplice diante de violência doméstica;
- O silêncio que nega afeto, que castiga ou manipula.

No anime, vemos colegas de escola ignorando Ishida, como se ele não existisse. Esse tipo de silêncio é exclusão disfarçada. E na vida real, ele se manifesta quando evitamos conversas difíceis, nos calamos diante do sofrimento alheio ou escolhemos o conforto da omissão.
Como discernir o valor do silêncio?
A pergunta central é: qual é a intenção por trás do silêncio?
Dicas para discernir:
- O silêncio aproxima ou afasta?
- Estou silenciando por empatia ou por medo?
- O outro se sente ouvido ou ignorado?
Edith Stein nos ajuda a ver que o silêncio não é neutro. Ele pode ser caminho de escuta, mas também de exclusão. Por isso, silenciar é sempre um ato ético — e precisa de consciência
O silêncio é linguagem
O verdadeiro sentido do silêncio está na sua capacidade de revelar, acolher e transformar.
Tanto o anime A Voz do Silêncio quanto a filosofia de Edith Stein mostram que calar pode ser mais eloquente do que falar — desde que o silêncio seja movido por presença, amor e escuta real.
O silêncio verdadeiro não é ausência. É presença.
É gesto de quem diz:
“Estou com você, mesmo que eu não tenha as palavras certas.”
E você?
- Qual foi o silêncio mais marcante da sua vida?
- Você tem escutado com o coração ou apenas com os ouvidos?
- Que tipo de silêncio você costuma oferecer aos outros?
Compartilhe sua experiência nos comentários ou envie esse artigo para alguém que você acredita que precisa escutar… em silêncio.
1 comentário em “O Sentido do Silêncio: Entre o Anime, a Filosofia e a Vida Real”